25 de Abril, 2020

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Mensagem da Embaixadora de Portugal na Dinamarca
Rita Laranjinha


BREVE HISTORIA DO 25 DE ABRIL DE 1974

No dia 25 de abril de 1974, Portugal acordou para a democracia, depois de 48 anos de ditadura. O país estava desde 1961 mergulhado na Guerra Colonial, que opunha o Exército português aos guerrilheiros que lutavam pela independência dos territórios africanos governados ainda por Portugal, sendo eles :Angola, Moçambique e Guiné. As colonias outrora pertencentes a outros países europeus já se tinham tornado países independentes, mas o governo português queria manter a posse das colónias portuguesas, e por isso enviava para a guerra os todos os jovens.

“O serviço militar, a tropa durava então quatro anos, os primeiros dois passados na «metrópole», em instrução e os dois últimos no «ultramar», em combate.
Muitos jovens morreram nos combates em África. Durante os 13 anos que durou a guerra perderam a vida quase 9 mil e uns 30 mil ficaram feridos ou mutilados. Quase todas as famílias estavam de luto, pois tinham pelo menos um morto na guerra. Em 1973, Portugal tinha 150 mil homens a combater. Muitos dos sobreviventes, depois de regressarem, mostravam dificuldade em integrarem-se na vida civil e eram frequentes as doenças psiquiátricas provocadas pela terrível experiência por que tinham passado.”

 

O governo gastava dinheiro na guerra em vez de nas obras públicas.
Havia censura, polícia secreta , tortura, presos politicos e exilados politicos.
Existia claro um grande número de pessoas que se organizavam , resistiam e se opunham ao regime. O regime tinha de cair. O Movimento das Forças Armadas (MFA) composto na sua maior parte por capitães que tinham participado na Guerra Colonial, com o apoio de oficiais milicianos, liderou o golpe militar que depôs o regime ditatorial do Estado Novo vigente desde 1933. No dia 24 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas (MFA) escolheu a emissora “Emissores Associados de Lisboa” para transmitir a primeira senha que assinalou o arranque da operação militar contra o regime. Assim, às 22H55 do dia 24 de Abril, foi transmitida a canção “E Depois do Adeus”, de José Niza, interpretada por Paulo de Carvalho.
À meia noite e vinte minutos e dezoito segundos do dia 25 de Abril de 1974, a canção Grândola Vila Morena de Zeca AFonso, foi a segunda senha. Transmitida pelo programa independente "Limite" pela Rádio Renascença foi sinal para informar do início da Revolução .Este é o motivo pelo qual esta canção se tornou o símbolo da revolução.

 

“Na madrugada, militares do MFA ocuparam os estúdios do Rádio Clube Português e, através da rádio, explicaram à população que pretendiam que o País fosse de novo uma democracia, com eleições e liberdades de toda a ordem. E punham no ar músicas de que a ditadura não gostava, como Grândola Vila Morena, de José Afonso. Ao mesmo tempo, uma coluna militar com tanques, comandada pelo capitão Salgueiro Maia, saiu da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e marchou para Lisboa. Na capital, tomou posições junto dos ministérios e depois cercou o quartel da GNR do Carmo, onde se tinha refugiado Marcelo Caetano, o sucessor de Salazar à frente da ditadura. Durante o dia, a população de Lisboa foi-se juntando aos militares. E o que era um golpe de Estado transformou-se numa verdadeira revolução.
A certa altura, uma vendedora de flores começou a distribuir cravos. Os soldados colocavam o pé do seu cravo no cano da sua espingarda e os civis punham os cravos ao peito. Por isso se chama a esta revolução de Revolução dos Cravos.
Ao fim da tarde, Marcelo Caetano rendeu-se e entregou o poder ao general Spínola.
Um ano depois, a 25 de Abril de 1975, os portugueses votaram pela primeira vez em liberdade desde há muitas décadas.”

 

Para saber mais pode consultar os links aqui em baixo:

Em Português:

Em Dinamarquês:


AS MÚSICAS QUE DERAM INICÍO A REVOLUCÃO DOS CRAVOS

Duas músicas atingiram a sua máxima significância no 25 de Abril, na chamada e internacionalmente conhecida Revolução dos Cravos. As Canções são “Grândola Vila Morena” de José Afonso e “E depois do adeus” de Paulo de Carvalho. Muito embora as duas músicas sejam de conteúdo diferente, são consideradas um símbolo político, de libertação da repressão política e asfixiante do Estado Novo. As canções foram utilizadas como “senhas radiofónicas” para dar início ao golpe de estado.
Pode-se dizer que nada melhor que duas lindas melodias, duas lindas letras expressadas artisticamente para despoletar uma revolução sem armas. Este é o teor pacífico, belo e “sui generis” da Revolução dos Cravos, em que o nome fala por si!

E Depois do Adeus

A música ”E depois do adeus”, foi escrita por José Niza e Interpretada por Paulo de Carvalho.Paulo de Carvalho ganhou o Festival da Canção em 1974, e “ E Depois de Adeus” ficou imediatamente no ouvido do povo português. Este número foi considerado como o pico da carreira musical do cantor. Em contrapartida ficou em último lugar no Festival Eurovisão da Canção no Reino Unido.Contudo  o comentador inglês John Kennedy O’ Connor reconheceu a significância do “ E Depois do Adeus” como a única entrada na Eurovisão que realmente despoletou uma revolução.
“E Depois do Adeus” foi emitida na Rádio Nacional  no dia 24 de Abril, às 22.55 como a primeira senha  radiofónica do Movimento das Forças Armadas para iniciar o golpe. A razão da escolha desta música foi por ser uma música que, pela sua popularidade, não levantava suspeitas ao passar frequentemente na rádio.
Muito embora muitos tenham tentado atribuir um teor político, interpretando o “Adeus” como um adeus ao passado de regime opressivo e o nascimento de uma nova era, a sua letra não tem algum conteúdo político.” E depois do Adeus” é uma música de amor, do “se encontrar “ após uma relação falhada. É uma canção de grande orquestração e de linda melodia.

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz

Em silêncio, amor
Em tristeza enfim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O…
Jeg ønskede at vide, hvem jeg er
Hvad jeg gør her
Hvem, der havde forladt mig
Hvem, jeg havde glemt
Jeg spurgte mig selv
Jeg ønskede at vide besked om os
Men havet
Bringer mig ikke
Din stemme

I stilhed, min elskede,
I bedrøvelse, til sidst,
Jeg mærker dig som en blomst
Du får mig til at lide
Jeg husker dig sådan
At drage afsted er at dø
Ligesom kærlighed
Er at vinde
Og tabe

Du kom som en blomst
Jeg plukkede dine blade
Du gav dig i kærlighed
Jeg gav dig intet
Ved din krop, min elskede,
Faldt jeg i søvn
Jeg døde i den
Og ved at dø
Blev jeg genfødt

Og efter kærligheden
Og efter os
….


Oversat af Knud Møllenback

Grândola Vila Morena

(Interpretação por Alina Maria Erbs)

"Grândola Vila Morena" é uma canção composta e cantada por Zeca Afonso que foi escolhida pelo Movimento das Forças Armadas(MFA) para ser a segunda senha de sinalizaçāo da Revoluçāo dos Cravos. À meia noite e vinte minutos e dezoito segundos do dia 25 de Abril de 1974, a canção foi transmitida pelo peograma independente "Limite" pela Rádio Renascença como sinal para informar o inicio da Revolução . Por este motivo esta canção transformou-se em símbolo da revolução, assim como o inicio da Democracia em Portugal.

Grândola, Vila Morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, Vila Morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, Vila Morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, Vila Morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia sua idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia sua idade

Grândola, du brune by
Her er broderskabets jord
Det er folket, som bestemmer
Her i byens midte

Her i byens midte
Det er folket, som bestemmer
Her er broderskabets jord
Grândola, du brune by

På hvert hjørne er en ven
I hvert ansigt findes lighed
Grândola, du brune by
Her er broderskabets jord

Her er broderskabets jord
Grândola, du brune by
I hvert ansigt findes lighed
Det er folket, som bestemmer

Her i skyggen af en sten-eg
Som ej mere ved sin alder
Sværged’ jeg at vær’ din følgesvend
Grândola, det er din vilje

Grândola, det er din vilje
Sværged’ jeg at vær’ din følgesvend
Her i skyggen af en sten-eg
Som ej mere ved sin alder


Oversat af Knud Møllenback